JANEIRAS
CASCUDO, Luís Câmara
Canção entoada por um grupo que visitava pessoas amigas, no primeiro dia do ano. "Dar janeiras, cantar as janeiras, pedir as janeiras" são expressões que fixavam a festa tradicional ligada ao ciclo do Natal. São oferecidos presentes, alimentos, dinheiros aos cantadores que louvavam aos santos e ao dono da casa visitada. É uma reminiscência portuguesa que o Brasil conheceu e praticou até fins do século XIX e primeiros anos do XX. Gustavo Barroso registrou alguns versos da janeira, no Ceará (AO SOM DA VIOLA, 292-293):

Janeiro vai,
Janeiro vem,
Feliz daquele
A quem Deus quer bem!

Janeiro vem,
Janeiro foi,
Feliz daquele
Que tem seu boi!

Janeiro ia,
Janeiro vinha,
Feliz daquele
Que tem seu pai!

Janeiro foi
Janeiro era,
Feliz daquele que tem sua terra!

Janeiro vinha,
Janeiro ia,
Deus nos proteja
E a Virgem Maria

Luís Chaves (NATAL PORTUGUES,87) informa sobre as janeiras de Portugal, origem das nossas: " No dia 31 de Dezembro, à noite e pelo dia primeiro de janeiro adiante, vagueiam na rua grupos de adultos e grupos de jovens e crianças. Vão de porta em porta, param e cantam em coro: Primeiro loas ao Menino Jesus, depois louvores aos moradores - 'ó de casa nobre gente' - por fim pedem as ' festas' ou 'janeiras' e as 'janeiradas'. Levam a noite, até tarde a cantar:

Oh, meu menino Jesus,
A vossa capela cheira,
Cheira cravos e a rosas,
E a flor de laranjeira.

Oh! Meu menino Jesus,
Boquinha de requeijão!
Dai-nos alguma coisinha,
Que a minha mãe não tem pão."

In: CASCUDO Câmara, "Dicionário do Folclore Brasileiro"-1969-Edições de Ouro.

18/12/2006

 

 

 
PARCEIROS  |  MAPA DO SITE  |  BUSCA